Ágora nº11 - Flipbook - Page 32
NOTES FROM
A WORRIED
MILLENNIAL
MÁRIO DE PINTO
BALSEMÃO
A olho nu estão colecionados os ingredientes para uma zaragata,
porém, ao microscópio as leveduras fermentam exponencialmente:
Começamos por ordem cronológica de chegada à cervejaria.
Thomas Malthus é sem dúvida familiar ao público-alvo desta revista.
Famoso especialmente por inspirar supervilões, desde os imateriais
como o principal antagonista do best seller “Inferno” escrito pelo
popular autor Dan Brown, aos ainda menos materiais como o titã
Thanos do universo cinemático da Marvel, ambos, por reductio ad
absurdum, engenheiros do ambiente “malthusiastas”. Ambos,
igualmente motivados a praticar genocídios em nome da
insustentabilidade de enormes populações e, portanto, sucessores
espirituais de Genghis Khan [1].
Os argumentos de Malthus são diretos: uma população, quando
não controlada, aumenta em progressão geométrica enquanto a
sua subsistência aumenta apenas em progressão aritmética, isto
implica um forte e constante controlo da população devido à dificuldade inerente de subsistência [2]. Publicado em 1798 e controverso
desde então, An Essay on the Principle of Population, introduziu
ideias que hoje continuam a colorir o debate em torno da
sustentabilidade. Numa passagem onde Malthus tenta generalizar o
argumento é dado um exemplo da população humana no planeta
Terra. Assumindo duplicação de 25 em 25 anos a partir de um
número
arbitrário, enquanto a subsistência segue uma simples progressão
aritmética unidade a unidade, após dois séculos e um quarto a
relação entre a população e a subsistência é de 512 para 10.
1 - Pongratz, J., Caldeira, K., Reick, C. H., & Claussen, M. (2011). Coupled climate-carbon
simulations indicate minor global effects of wars and epidemics on atmospheric CO 2 between
ad 800 and 1850. Holocene, 21(5), 843–851.
2 - Malthus, T. R. (1798). An essay on the principle of population. J. Johnson.
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