Ágora nº11 - Flipbook - Page 24
MOMENTO
ENTREVISTA
3
ANTÓNIO GAMEIRO
Acredita que as características que, neste momento,
são obrigatórias por lei existirem nos edifícios
facilmente executáveis na realidade, tendo em conta
os
orçamentos
médios
e
as
necessidades
energéticas nacionais?
Considero que devemos sempre adaptar-nos às nossas circunstâncias, sejam
económicas, físicas (por força da natureza das características do edifício) ou
mesmo pela utilização que vamos dar ao espaço. Quando o RCCTE (Regulamento
das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios) foi implementado,
havia defensores de que era demasiado exigente e outros que consideravam que
era mesmo o necessário. Se calhar foi um pouco para além da capacidade
económica que o nosso país tem. Isto deriva do facto de inserimos, por norma, na
legislação nacional, aquilo que são as normas em vigor na União Europeia. Estas
muitas vezes não se adequam à realidade portuguesa, quer em termos
socioeconómicos e, às vezes, em termos climáticos.
O trabalho dos engenheiros é procurar a melhor solução técnica e económica. Isto
pode significar nem sempre seguirmos os regulamentos à lei, até porque as
instruções dos regulamentos não descrevem exatamente o que fazer, apenas as
recomendações, podendo existir casos de excepção.
Penso que sim, existe alguma desadequação do normativo em vigor mas isto não
desmotiva. Motiva-me a procurar uma solução em conjunto com o projetista, o
dono de obra e atendendo a que tenhamos sempre o edifício mais eficiente
possível. É possível tirar o equilíbrio do nosso normativo.
24
ÁGORA | JUNHO