20241211 camara-em-revista miolo sem-corte - Flipbook - Page 55
necessário ir muito longe: o cão foi encontrado
instituições de longa permanência. Chamados
morando ainda na barraca improvisada que
de coterapeutas, um golden retriever, um
pertencia à paciente, na Pedreira Prado Lopes.
yorkshire e um spitz alemão são usados para
Depois que Joaquim foi acolhido, alimentado
auxiliar sessões de fisioterapia, reduzir o medo
e cuidado, o reencontro pôde acontecer. “O
dos pacientes em procedimentos médicos e
cachorro chegou, foi correndo, pulou no colo
humanizar o contexto da internação.
dela, lambeu seu rosto. Quarenta e oito horas
depois, ela faleceu”, relata o psicólogo.
“O contato com cães libera ocitocina, que
é o hormônio que traz prazer e diminui a
Visitas de pets em hospitais foram autorizadas
ansiedade. Já temos dados científicos que
pela Lei 11.694/2024, originada a partir de um
mostram essa melhora”, explica Ana Cristina
projeto assinado por Wanderley Porto (PRD).
Rostt, coordenadora dos cursos da área de
Essas visitas não são incomuns na instituição
saúde da UNA. “A gente vê pacientes apáticos,
em que Nilson trabalha, fazendo parte de
que não interagem mais com a equipe médica,
uma série de estratégias de cuidados em
que vêm pedindo para entrar em contato
internações prolongadas. “O hospital é um
com o cão, acariciar. O hospital se transforma
outro mundo. Quando trazemos um animal da
em um ambiente muito mais amoroso e
casa do paciente, algo vem com ele. Pessoas
acolhedor”, descreve a coordenadora.
que não estavam se alimentando começam
a alimentar. Ficam com mais desejo de fazer
PROTEÇÃO ANIMAL
o tratamento para sair dali e voltar para casa.
Passam a se conectar mais com a equipe.
Se as leis reconhecem o papel que os animais
A gente consegue uma internação com
ocupam no bem-estar da população, também
menos sofrimento, menos danos emocionais,
enfatizam a necessidade de proteção e
cognitivos e motores”, defende Nilson.
cuidado com eles. Outras 19 proposições
relacionadas aos animais foram sancionadas
De acordo com a lei, cada hospital deve criar
em 2023 e 2024 na Câmara de BH, a maioria
seu próprio protocolo para as visitas de pets.
em busca de inibir maus-tratos e melhorar a
No caso do Hospital Metropolitano Dr. Célio de
qualidade de vida dos bichos. É o caso da Lei
Castro, é necessário que o animal esteja com
11.611/2024, que reduziu em cinco anos o prazo
a carteira de vacinação em dia, apresentar
para a extinção de veículos de tração animal
laudo veterinário emitido no máximo 48 horas
na cidade. Carroças puxadas por cavalos estão
antes da visita, que o bicho tenha recebido um
proibidas a partir de 22 janeiro de 2026, e não
banho em pet shop naquele mesmo dia e que
mais em 2031, como previa a lei anterior que
seja transportado em uma caixa própria para
definiu o fim da prática. A mudança veio de
isso.
um projeto de autoria de Wanderley Porto e
Janaina Cardoso (União Brasil).
COTERAPEUTAS
Para a promotora de Justiça Luciana Imaculada
Para quem não possui um animal de estimação,
de Paula, que lidera a Coordenadoria Estadual
os bichos também podem trazer conforto no
de Defesa dos Animais do Ministério Público de
ambiente hospitalar. O projeto Aumor de Cão,
Minas Gerais (Ceda), a proibição das carroças
do Centro Universitário UNA, leva animais
é uma forma de respeitar a natureza própria
a
dos animais. “Nosso posicionamento baseado
hospitais,
consultórios
odontológicos
e
CÂMARA
E M
R E V I S T A
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