Federação Nacional dos Médicos - Flipbook - 34
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Internacional
Inglaterra
Os ‘junior doctors’, liderados pelo a British Medical Association (BMA) têm levado
a cabo uma luta sem paralelo em defesa de melhores condições de trabalho e
uma valorização salarial justa. Os ‘junior doctors’ representam quase metade
da força de trabalho do Serviço Nacional de Saúde inglês. Com uma alta taxa
de sindicalização, dois terços destes médicos são membros da BMA, e exigem a
valorização salarial de 35%, que reponha o poder de compra que foi sacrificado
nos últimos 15 anos. Parte deste processo de luta, além das greves e das
manifestações, está em curso um referendo online, onde os médicos esperam ver
espelhado o apoio que têm sentido da generalidade da população.
Índia
A revolta na Índia exige proteção para
mulheres e profissionais de saúde após a
violação e homicídio de uma médica. Depois
de uma jornada de trabalho, exausta, uma
médica, de 31 anos, foi violada e assassinada,
num dos hospitais mais antigos da Índia.
O crime hediondo gerou um conjunto de
protestos em cadeia, com a população
a exigir o fim da violência de género e a
denunciar este crime bárbaro contra os
profissionais de saúde. A Índia é um dos
países com piores números neste tipo de
crimes. O assassino conseguiu ter acesso
à zona de enfermaria como voluntário, e
foi posteriormente identificado através
das câmaras de videovigilância. A polícia
está também debaixo de fogo, por não
ter realizado a devida verificação de
antecedentes na admissão do voluntário no
hospital.
O crime expôs a insegurança dos hospitais,
mas também as suas débeis condições de
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trabalho. Os médicos estão sobrecarregados,
os médicos internos não têm sequer casas de
banho designadas ou espaços próprios para
descanso, obrigando-os a descansar em
condições inseguras. Dezenas de milhares
de mulheres em Calcutá, e em todo o estado
de Bengala, têm apelado à população para
protestarem sob o lema “Recuperar a Noite”,
exigindo “independência para viver em
liberdade e sem medo”.
Infelizmente este não foi um caso isolado.
No ano passado uma médica interna de 23
anos foi mortalmente esfaqueada com uma
tesoura cirúrgica por um doente embriagado.
O volume de casos tem sido de tal maneira
preocupante que os protestos exigem
também uma lei rigorosa para proteger os
profissionais de saúde, tal como tem vindo
a ser defendido pela Associação Médica
Indiana. Estima-se que, na Índia, 75% dos
médicos já enfrentaram alguma forma de
violência no trabalho.